Mensagens
Um Pássaro no Arame (através dos olhos da Sara Figueiredo Costa)
- Obter link
- Outras aplicações
« Um Pássaro no Arame , de Manuel Alberto Vieira, é um livro desconcertante — e o adjectivo não é aqui aplicado por ser sonante. Desconcerta, no verdadeiro sentido da palavra, esta narrativa de frases secas, curtas, simultaneamente descritivas da acção e reveladoras do labirinto que se guarda na cabeça de cada personagem. É uma narrativa estranha, porque essa secura o verbo contrasta intensamente com o que se vai revelando, mesmo que nada pareça acontecer (sobretudo aí, quando nada parece acontecer). Há uma linha cronológica e há personagens bem definidas, com uma caracterização psicológica extremamente minuciosa, que prescinde das grandes descrições de carácter e se forma pelo conjunto de gestos, indícios e pensamentos. Há acção e uma atenção ao detalhe com que esta se constrói, o texto sempre perseguindo os sinais, aquilo que se revela em cada movimento e em cada decisão das personagens. O que não há é uma estrutura que nos ampare enquanto lemos — e isso não é acidental, claro. A po
Um tradutor literário a caminho da descrença
- Obter link
- Outras aplicações
Trabalha-se, estuda-se, transpira-se, sacrifica-se, exclui-se, abdica-se, insiste-se, resiste-se, exaspera-se, desespera-se, adoece-se, mas faz-se, uma e outra vez, vai-se sempre fazendo, avançando mesmo contra a mão e a corrente, contra toda a força contrária que houver, sempre em nome de um bem que se julga maior. Mas se os honorários avançam no sentido inverso das honrarias, para quê insistir numa missão que será já quiçá uma sorte de ingrata estupidez?