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Da Pétala, Gume (ou de como rasurar o lirismo)

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Um Pássaro no Arame (através dos olhos da Sara Figueiredo Costa)

« Um Pássaro  no Arame , de Manuel Alberto Vieira, é um livro desconcertante — e o adjectivo não é aqui aplicado por ser sonante. Desconcerta, no verdadeiro sentido da palavra, esta narrativa de frases secas, curtas, simultaneamente descritivas da acção e reveladoras do labirinto que se guarda na cabeça de cada personagem. É uma narrativa estranha, porque essa secura o verbo contrasta intensamente com o que se vai revelando, mesmo que nada pareça acontecer (sobretudo aí, quando nada parece acontecer). Há uma linha cronológica e há personagens bem definidas, com uma caracterização psicológica extremamente minuciosa, que prescinde das grandes descrições de carácter e se forma pelo conjunto de gestos, indícios e pensamentos. Há acção e uma atenção ao detalhe com que esta se constrói, o texto sempre perseguindo os sinais, aquilo que se revela em cada movimento e em cada decisão das personagens. O que não há é uma estrutura que nos ampare enquanto lemos — e isso não é acidental, claro. A po

Um Pássaro no Arame

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Um Pássaro no Arame edição: Caixa Alta — Oficina Editorial Em pré-venda até 27 de Fevereiro. Pormenores aqui .

A nuvem colectiva

Veja-se: por cima de todos nós: a nuvem negra que se instalou. 

Espiritualidade

Não é o monstro — é a distância que em relação a ele manténs.

Domingo

Domingo de chuva. Rumores de criança. Ramos que se agitam na tela da janela. A respiração lenta no quarto ao lado. Braços que se abrem num corpo quieto, prestes a lançar-se do centro de um lugar sem margens. 

O sentido é sempre contrário

Quando se julga extinto o ego, encarrega-se a ardilosa mente de te convencer de que hoje és a pior das criaturas  — e de que amanhã serás, talvez, uma das mais elevadas. O sentido contrário à mentira está no repetido recuo ao lugar raso de todas as coisas.

Da cura e outros males

Porque na verdade — e talvez seja essa a mais dura e resistente das constatações — a nossa importância não justifica uma microscópica parte das angústias que carregamos.

2019 em versão compacta

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Um tradutor literário a caminho da descrença

Trabalha-se, estuda-se, transpira-se, sacrifica-se, exclui-se, abdica-se, insiste-se, resiste-se, exaspera-se, desespera-se, adoece-se, mas faz-se, uma e outra vez, vai-se sempre fazendo, avançando mesmo contra a mão e a corrente, contra toda a força contrária que houver, sempre em nome de um bem que se julga maior. Mas se os honorários avançam no sentido inverso das honrarias, para quê insistir numa missão que será já quiçá uma sorte de ingrata estupidez?

Dos passos no trajecto

«Em breve esquecerás tudo, e em breve serás esquecido.» Marco Aurélio,  Meditações

Qualquer coisa de intermédio

JARDIM-LUTO é (talvez) o vento que embala — tão gentil (para a morte) o coração Criança e Rosa , Gennady Aygi Edição: Flâneur Tradução: Daniel Jonas