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A mostrar mensagens de dezembro, 2012

No Top 10

Com muita honra, mas também certa estupefacção, eis-me na lista dos 10 melhores do ano, ao lado de  livros extraordinários. As escolhas são de Mário Rufino. Para ver  aqui .

Da minha janela

Da minha janela vejo o velho remexer no saco plástico. Sentado no banco de tábuas podres, retira um casaco quente. Abre-o, estende-o ao seu lado, nas costas do banco, observa-o como a uma mulher bela. Depois dobra-o e, por fim, acaricia-o com as mãos lentas e trémulas da velhice e da miséria. Volta a enfiá-lo no saco, atenta nos prédios em volta, nas pessoas que passam, sorrindo para as suas costas. A seguir levanta-se, de saco em punho, e começa a caminhar devagar. Detém-se na porta de um prédio. Vai entrar!, Vai entrar!, Entra!, Entra na tua casa! No entanto retoma o passo, arrastando as botas gastas. Segue o seu caminho, já vai longe, e reparo agora que quem sorri para as costas de alguém sou eu.  

Tarp

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O bambu e o carvalho

Entre bambu e carvalho, ser bambu. Abana, mas não cai ao vento - conhece muitos sítios, contrariamente ao carvalho estático.  E na trovoada, o carvalho não escapa ao raio e desfaz-se; o bambu esquiva-se e mantém-se vivo. E se te perguntarem agora: entre frágil e forte, o que ser? 

A velocidade do tempo

«A velocidade do tempo é infinita, e só quando olhamos para o passado é que temos consciência disso. O tempo ilude quem se aplica ao momento presente, de tal modo é insensível a passagem do seu curso vertiginoso. Queres saber porquê? Porque todo o tempo passado se acumula num mesmo lugar; todo o passado é contemplado em bloco, forma uma totalidade; todo ele se precipita no mesmo abismo.» Lúcio Aneu Séneca, Cartas a Lucílio Edição: Fundação Calouste Gulbenkian Tradução, prefácio e notas: J. A. Segurado e Campos

As pontas dos dedos

Viver como não vivendo, já esquecido dos olhos, dos ouvidos, do nariz, da boca.  Apenas observando através do vidro as pontas dos dedos, à espera que delas nasça qualquer coisa.

Os Cães de Tessalónica

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Apesar de inferior a Um Repentino Pensamento Libertador ou Uma Vasta e Deserta Paisagem , neste Os Cães de Tessalónica , Kjell Askildsen confirma os motivos que me levam a considerá-lo o mais interessante contista europeu contemporâneo.