Passeia com o espelho na mão e sorri às vestes de rei que o reflexo lhe devolve. Atrás de si caminha uma comitiva de homens minúsculos, não são anões, são homens grandes mas em ponto pequeno, homens à lupa, menores, também no tamanho. É isso que o espelho mostra, atrás da coroa. E o sorriso expande-se diante do espelho na mão, um sorriso onde acaba de cair uma sombra de carvão. De cima, nas varandas, todos estranham a criatura suja e esfarrapada que passeia de punho no ar com cães de sarna e raiva a lamberem-lhe os calcanhares. Mais acima, alguém esfrega uma folha de papel com uma borracha. Mas já é tarde.