Numa altura em que abundam rasgados elogios à «nova geração» da literatura portuguesa (da qual — arrisco dizer — não sobreviverão mais de dois nomes), é com profundo agrado que assisto ao regresso de uma voz verdadeiramente singular. Falo de Alexandre Andrade, e do seu Quartos Alugados , que viu a luz do dia graças à editora Exclamação e ao Rui Manuel Amaral, que coordena a colecção que o livro integra — a Avesso. É coisa boa. Muito boa. Bem melhor do que por aí circula com pompa e circunstância, entre capelas e panelas. Tudo está muito bem medido e temperado, descolado de qualquer tendência que não a da verdade que o próprio autor define. E mesmo (ou será sobretudo?) aquilo que aparentemente poderá passar por pirueta não é senão um exercício de sátira. Eis a proposta: Eu sei isto, sei como manipulá-lo, mas não quero fazê-lo, e, precisamente por isso, faço-o. Como resistir a semelhante provocação?