O boxe
«O boxe reclama que é superior à vida porque é, idealmente, superior a qualquer acidente. Não contém nada que não seja inteiramente intencional. O pugilista enfrenta um adversário que é a imagem distorcida dele próprio, no sentido em que as suas fraquezas, as suas possibilidades de falhar e ficar gravemente ferido, os seus erros intelectuais - tudo pode ser interpretado como forças pertencentes ao Outro; os parâmetros do seu ser privado são apenas asserções ilimitadas do ser do Outro. Isto é um sonho, ou um pesadelo: as minhas forças não me pertencem totalmente, são também as fraquezas do meu adversário; o fracasso não é inteiramente meu, é também a vitória do meu adversário. Ele é a sombra do meu ser, não (simplesmente) a minha sombra.»
Joyce Carol Oates, O Boxe
Edição: Edições 70
Tradução: Ana MacDonald de Carvalho