Ternura

- Avô, tenho uma coisa a dizer-te.
- Diz, meu querido neto.
- Não vais ficar triste?
- Oh, claro que não, meu querido neto.
Aconchegado no abraço quente do avô, levantou a cabeça e, olhando-o nos olhos, disse:
- Odeio-te.
Havia no rosto da criança um sorriso doce, inocente, verdadeiro. 
Doce, inocente e verdadeiro pareceu também o gesto do avô, que, encostando a cabecinha do neto ao peito, o abraçou com mais força. Talvez com força um pouco excessiva, porque da criança não se voltou a escutar um único som.

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