Do riso

«O avarento, um eterno receoso, não consegue rir.
Um filósofo sábio, que desdenha constantemente de si próprio e dos outros homens, não consegue rir. O que vê ele no encantador trecho do despique entre Falstaff e o príncipe Henri? Um puro erro, cometido pelo vil interesse do dinheiro, mais uma miséria da pobre natureza humana. Em vez de rir, faz um esgar triste.
A nação francesa é vivaz, frívola, eminentemente vaidosa, sobretudo os gascões e as gentes do Sul. Esta nação parece ter sido criada propositadamente para o riso, ao invés da Itália, uma nação apaixonada, sempre arrebatada por ódios ou amores, onde o riso não tem importância.»

Stendhal, Do Riso, Um Ensaio Filosófico Sobre Um Tema Difícil
Edição: Europa-América
Tradução: Carlos Pestana Nunes