Do tempo

«[...] Houve um momento, quando tinha vinte e muitos anos, em que reconheci que o meu espírito de aventura se extinguira há muito. Nunca faria aquelas coisas que a adolescência sonhara. Em vez disso aparava a relva, ia de férias, tinha a minha vida.
Mas o tempo... o tempo primeiro fixa-nos e depois confunde-nos. Pensávamos que estávamos a ser adultos quando estávamos só a ser prudentes. Imaginávamos que estávamos a ser responsáveis, mas estávamos só a ser cobardes. Aquilo a que chamávamos realismo acabava por ser uma maneira de evitar as coisas e não de as enfrentar. Tempo... deem-nos tempo suficiente e as nossas decisões mais fundamentadas parecerão instáveis e as nossas certezas, bizarras.»

Julian Barnes, O Sentido do Fim
Tradução: Helena Cardoso
Edição: Quetzal

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