Ontem, o Teatro Vertical na Cossoul (Festival do Silêncio)
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A todos os presentes, muito obrigado. Ao Alexandre Andrade, a gratidão dos reptos múltiplos, do desafio, dos olhos que lêem com a precisão do microscópio e a amplitude do astro.
« Um Pássaro no Arame , de Manuel Alberto Vieira, é um livro desconcertante — e o adjectivo não é aqui aplicado por ser sonante. Desconcerta, no verdadeiro sentido da palavra, esta narrativa de frases secas, curtas, simultaneamente descritivas da acção e reveladoras do labirinto que se guarda na cabeça de cada personagem. É uma narrativa estranha, porque essa secura o verbo contrasta intensamente com o que se vai revelando, mesmo que nada pareça acontecer (sobretudo aí, quando nada parece acontecer). Há uma linha cronológica e há personagens bem definidas, com uma caracterização psicológica extremamente minuciosa, que prescinde das grandes descrições de carácter e se forma pelo conjunto de gestos, indícios e pensamentos. Há acção e uma atenção ao detalhe com que esta se constrói, o texto sempre perseguindo os sinais, aquilo que se revela em cada movimento e em cada decisão das personagens. O que não há é uma estrutura que nos ampare enquanto lemos — e isso não é acidental, claro. ...