Escadote

Na subida, são as mãos que arbitram; na descida, são os pés. Daí a vertigem: o que está abaixo dos pés não é poético, não convoca sonhos nem ambições. É, no fundo, o território do fracasso. É sempre lá em cima, com as mãos próximas da cabeça, que ambicionamos encontrar a glória.
Por isso aquele homem que muitos julgam estranho ainda não desceu do escadote. Observe-se com atenção: não se atreve, sequer, a olhar para os pés.