E o Natal aqui tão perto

     Não me empurre, senhor; não me peça esmola, homem; não se meta à minha frente na fila, senhora; não me impinja promoções, cara lojista; não me dê o seu cãozinho a conhecer, amigo; não me firam os tímpanos com bandas sonoras foleiras, caros e omnipresentes altifalantes; não me obriguem a aturar flautas mal sopradas e violinos esganados nem cães treinados para segurar garrafas cortadas à espera de moedas, respeitáveis instrumentistas; e não me façam doer as narinas com esse fedor a castanhas queimadas, estóicas velhotas em chinelos. Por favor, não. Não a tudo isso e muito mais.
    Mas, sobretudo, não me aturem hoje. Reconheço que sou - antes e acima de qualquer coisa - generoso. Por isso, aqui ficam a minhas mais sinceras desculpas.